terça-feira, 16 de outubro de 2012

Ler é o melhor remédio... Mas ler o que???

Uma vez ouvi que o acesso à informação seria um dos principais problemas sociais que tem sido resolvido graças à internet, às facilidades que tem sido desenvolvidas pelo governo de acesso em  universidades e todas as outras características provenientes da chamada informatização globalizada. 
O que me veio na cabeça é se há realmente motivos para se ter orgulho desta crescente "alfabetização" brasileira que obviamente é sabotada. Questiono isso por estar dentro de uma universidade e perceber a dificuldade que há em alguns alunos em leitura. Não conseguem ler um texto. Digo isso literalmente. Imagine então interpretá-lo? 
Diante de tanta informação como saber o que escolher para se ouvir, ler e aprender se o ensino foi deturpado com conteúdos empurrados goela baixo em alunos de escola pública por exemplo? ( Um dos principais exemplos pro sinal.) Não é uma tentativa de discussão sobre didática ou questionar as ferramentas ultrapassadas que são utilizadas de modo arcaico para alunos de uma geração conectada e sendo acostumada às praticidades e imediatismos da grande mídia. 
O que tento questionar aqui é se não há um interesse para esta, permito me dizer, alienação? Se estas facilidades quantitativas de informação provenientes de um mercado de  créditos facilitados, que enchem o cotidiano de propostas e produtos, que não fazem propaganda do produto mas sim das características que a pessoa adquire junto ao produto, que vende mercadorias apelando para o orgulho pessoal, condicionando as pessoa a uma dualidade de quem tem e quem não tem, se o TER acaba se tornando o SER?  
Eduardo Marinho, artista de rua, enfatiza este condicionamento de sentimento de superioridade e inferioridade, onde a competição estimulada não é sadia e daí surge o medo de ambas partes. De quem possui ter medo de não ter mais, e quem não tem sonha em ter. Isso move uma lógica implantada sob interesses que não cabe a mim dizer de quem ou de onde. 
Então seria mesmo este acesso a informação uma da soluções? Mas que tipo de informação estes acessos tem trazido? O que estes alunos que não tem aprendido nada nas escolas tem desenvolvido para tentar compreender o próprio mundo? 
Se pensar bem, as facilidades do fast food, do imediatismo, da praticidade tem criado tais condicionamentos onde os sonhos passam a ser necessários por dois motivos: um porque a maioria destes sonhos jamais serão realizados ( quem está em cima não quer abrir mão com medo de descer ), e quem está em baixo tem para si que só será realizado quanto também tiver e portanto continua a busca. Nele continuar a buscar um sonho baseado no que os outros têm e não se voltar para suas reais necessidades, ele acaba cooperando com a intencionalidade de um todo.... um todo o quê? Um sistema?  
Em fim, como disse.. são só questionamentos.