quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Um elogio sincero.

“Não dava nada por aquele dia, quanto mais pela noite. Viagem cansativa, estressante, chuva no vidro do carro fazia mais barulho que minhas músicas. Muitos carros, mas sem buzinas, e já estava tarde quando cheguei lá. E então vem o tema da narrativa.
Ela.
Talvez pelo cansaço de ler, ouvir, deduzir e estereotipar uma garota dos desejos em sonhos ou por procurar erradamente em outras garotas mais erradas ainda aquilo que eu vi e aprendi naquela noite.
Limpa. Ela era limpa. E não é só visualmente no físico. Suas palavras fluíam com naturalidade; nem sempre com certezas, mas naturais.Era limpas pela ousadia de se dizer. Isso era também traduzido nos gestos, muito bem acompanhados pelo meu olhar. Gestos clínicos. Certeiros e bem desenhados.
Leves. Eram leves mas intimidadores.
Não me lembro de conhecer mulheres assim. No básico eram o que viam nas outras. Sejam em modas cotidianas, sejam nos palpites de assuntos fúteis.
Não é crítica. Nem elogio. É um fato narrado rigorosamente à risca.
Extremamente linda tanto nos detalhes defeituosos quanto no conjunto harmonioso que tais defeitos geravam.
E não havia vento para fermentar os cabelos, havia chuva que estrondava em meio ao assunto que se alongava pela madrugada afora.
Não havia submissão nela. Era mulher, e sua auto suficiência em demonstrar o quanto gostava de alguém não abrangia qualquer traço de sujeição. Pelo contrário, me fazia odiar, naquele momento qualquer mulher submissa.
Tive uma aula de beleza feminina com ela.
E de novo, não é um elogio.”

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